[Parecer apresentado pelo senhor Marquês de São Paio à Comissão de Heráldica e Genealogia da Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em reunião de 12 de Dezembro de 1959.]

Pretende a vila de Almeida um brasão de armas que represente verdadeiramente a localidade e que possa ser de fácil entendimento do povo.

Como muito bem dizem as informações de carácter histórico, agrícola, industrial e comercial anexas à cópia da acta da reunião camarária de 11 de Junho último, esta vila constituiu uma praça forte de cobertura da fronteira que, se não foi a primeira do Reino, o foi certamente de toda a província da Beira, e apenas podia emparelhar com a de Elvas na defesa geral do País.

Torna-se, pois, evidente que se impõe figurar no seu brasão a peça heráldica do castelo, representativa, a mais não poder ser, daquilo que tornou Almeida vila de importância de grande relevo no território português.

Reconhecem as informações referidas que nem a indústria, nem o comércio têm importância especial na vila ou seu concelho. A própria agricultura nada tem que a distinga das culturas usuais na província.

Sendo esteticamente aconselhável não sobrecarregar os escudos com peças demasiadas, e sendo certo que uma peça única adquire no brasão maior relevo quando se encontra isolada, considerando ao mesmo tempo que a inclusão de quaisquer alusões agrícolas desvirtuariam o carácter histórico da vila de Almeida, pois a Comissão de Heráldica e Genealogia da Associação dos Arqueólogos Portugueses apenas recorre a tais símbolos quando outros históricos não hajam, ou a especial fama da produção agrícola tal imponha, somos de parecer que o brasão de armas, selo e bandeira da vila de Almeida sejam assim constituídos:

ARMAS – De ouro, com um castelo de vermelho, lavrado e iluminado do primeiro, aberto de azul, a porta aldrabada e besantada de prata.

BANDEIRA – De vermelho, com o escudo das armas, rematado por uma coroa mural de prata de quatro torres, e por baixo um listel branco com a legenda ALMEIDA, de negro.

SELO – Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres CÂMARA MUNICIPAL DE ALMEIDA.

Lisboa, 12 de Dezembro de 1959.

[Marquês de São Payo.]

Fonte: SEIXAS, Miguel Metelo de, «As Armas da Vila de Almeida - o seu significado histórico», in Dispersos (2000-2001), Universidade Lusíada - Centro Lusíada de Estudos Genealógicos e Heráldicos, Lisboa, 2003, pp. 113-114.