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Segunda ordenação heráldica do brasão e bandeira
Segundo o parecer da
Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses de
23/03/1985
Estabelecida em reunião de Assembleia Municipal, em 28/06/1985
Publicada no
Diário da República n.º 253, 3.ª Série, Parte A de
04/11/1985
Armas - De prata, 5 torres de vermelho, lavradas de negro, postas em cruz; coroa mural de 4 torres de prata; listel branco com as letras a negro VILA VELHA DE RÓDÃO.

Baseado no desenho original de António Lima
Bandeira - Esquartelada de branco e vermelho; cordões e borlas de prata e vermelho; haste e lança de ouro.
Primeira ordenação heráldica do brasão e bandeira
Segundo o parecer da Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses de 27/06/1928
Armas - De prata com cinco torres de vermelho em cruz. Coroa mural de quatro torres.

Baseado no desenho original de António Lima
Bandeira - Vermelha com um metro por lado. Fita branca com letras pretas. Cordões e borlas de vermelho. Haste e lança de prata.
Transcrição do parecer
Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em reunião de 27 de Junho de 1928.
Na Associação dos Arqueólogos Portugueses foi recebido um ofício de Câmara da Vila Velha de Rodam que foi remetido à Secção de Heráldica da mesma instituição para ser estudado o assunto nele versado.
Esse ofício diz:
Câmara Municipal de Vila Velha de Rodam. – Serviço da República. – Ex.mo Sr. Presidente da Associação dos Arqueólogos. – Lisboa. – Insuflado pelo desejo ardente de contribuir tanto quanto possível para que luz seja feita sobre o passado histórico do Concelho que me foi berço – Vila Velha de Rodam – há tempos que venho coligindo elementos neste sentido. Um obstáculo porém se me tem deparado: refiro-me ao brasão deste Concelho (sua descrição histórica e cores em que assenta) sobre o qual, conquanto tudo pareça indicar a sua existência – já pelo testemunho de pessoas que tenho entrevistado sobre o assunto e que me dizem existir outrora nos arquivos da Câmara Municipal um livro denominado «O TOMBO» (2 vol.) e supõem que o mesmo fazia a sua descrição, já pelos restos do pelourinho que o camartelo da pseudo civilização na ansia infrene de progresso e voragem demolidora deitou abaixo, onde segundo a opinião de diversas pessoas, o mesmo se encontra esculpido, além da Cruz de Cristo, Esfera Armilar e Coroa de D. Manuel I – ainda até hoje nada de positivo foi averiguado. É nesta conformidade que tomo a liberdade de dirigir a V. Ex.ª o meu apelo, solicitando a valiosa cooperação da Ilustre Associação que proficientemente está dirigindo, cônscio de que o meu pedido cai em boa terra e frutificará e a minha vontade será satisfeita. Consegui encontrar uma fotografia do ex-pelourinho, que tenho a honra de enviar a V. Ex.ª onde se vê a gravura do que suponho ser o brasão deste Concelho. Quando não se torne necessária rogo-lhe a subida fineza de me a enviar. – Saúde e Fraternidade. – Vila Velha de Rodam, 1 de Abril de 1925. – Pelo Presidente, O Chefe da Secretaria (a) José da Cruz Fillippe.
Por esta carta se depreende que no Pelourinho existiam umas armas que eram atribuídas ao domínio da Vila Velha de Rodam, portanto, seria interessante investigar se estariam repetidas em qualquer outro sítio.
Às perguntas que formulei neste sentido, recebi a seguinte resposta:
Vila Velha de Rodam, 3 de Julho de 1925. – Ex.mo Sr. – Tenho a honra de acusar a recepção da carta de V. Ex.ª que muito agradeço. Satisfazendo às perguntas que V. Ex.ª nela faz, posso informar que, do que consta pelo testemunho de alguns homens velhos, esta Vila teve foral de época muito remota. O selo carimbo que enviei, foi tirado dum dicionário que existe na Administração deste Concelho, e parece ser a representação duma das faces do capitel do pelourinho. O capitel deste ainda aqui existe; e se V. Ex.ª desejar, posso mandar-lhe uma fotografia de cada um dos seus lados. Pelo que aqui se diz o pelourinho é da primitiva de Rodam; esta Vila parece ser muito antiga e a fundação do concelho também ter sido feita há remotos anos. Dizem alguns velhos que têm ouvido que nas proximidades desta vila existiu em tempos muito afastados uma cidade chamada Ródin; não há neste Concelho elementos com os quais eu possa elucidar mais V. Ex.ª como era meu desejo. Um incêndio que houve nos Paços do Concelho há 60 e tal anos, destruiu o livro do Tombo e as varas de vereadores a que V. Ex.ª se refere, que podiam servir agora de bons elementos para V. Ex.ª. Se mais alguns elementos eu puder alcançar para elucidar V. Ex.ª lhos fornecerei na primeira ocasião. Para o que for prestável fico ao dispor de V. Ex.ª. Muito Att.º e Obgd.º (a) José da Cruz Fillippe.
O selo carimbo referido nesta carta, tem um escudo tracejado verticalmente com cinco castelos. O escudo é acompanhado de dois ramos de louro atados em ponta e em volta os dizeres: «Câmara Municipal do Concelho de Villa Velha de Rodam».
Em resposta à última carta transcrita, pedi fotografias de tudo quanto estivesse no pelourinho, recebendo a seguinte resposta:
Vila Velha de Rodam, 10-12-925. – Ex.mo Sr. – Acuso a recepção da carta de V. Ex.ª que agradeço. Logo que o tempo se modifique um tanto, remeterei a V. Ex.ª as fotografias das quatro faces da cabeça do pelourinho deste Concelho. Por aqui tem chovido torrencialmente, motivo porque não tenho podido tirar as fotografias referidas como é de meu desejo, e tanto mais que há aqui um certo interesse em conhecer as Armas deste Concelho. Para o que for prestável fico ao dispor de V. Ex.ª seu Vº e Obgd.º - O Chefe da Secretaria Municipal (a) José da Cruz Fillippe.
Passado um ano tornei a pedir as fotografias do pelourinho, recebendo a seguinte resposta:
Câmara Municipal do Concelho de Vila Velha de Rodam. – Ex.mo Sr. Affonso de Dornellas. – Lisboa. – Só hoje me foi possível responder à sua carta porque só agora consegui as fotografias das quatro faces do capitel do pelourinho deste Concelho. Há aqui grande interesse em conhecer a história das armas deste Concelho e assim logo que V. Ex.ª possa fazer um juízo seguro sobre a mesma é um grande favor que V. Ex.ª presta a este Concelho que muito reconhecidamente lhe agradece. Secretaria da Câmara Municipal do Concelho de Vila Velha de Rodam, 22 de Fevereiro de 1927. Pelo Presidente, O Chefe da Secretaria (a) José da Cruz Fillippe.
Vinha esta carta acompanhada das fotografias das quatro faces do capitel do pelourinho, onde se vê um escudo com cinco castelos em cruz.
Ainda a Câmara Municipal expediu o seguinte ofício:
Câmara Municipal de Vila Velha de Rodam. – N.º 59 – Em 13 de Junho de 1928. – Ao Ex.mo Sr. Affonso de Dornellas – Lisboa – Tem esta Câmara muito interesse em saber quais as Armas deste Concelho, já pelo valor histórico que o estudo representa já porque desejava que no seu estandarte, que vai mandar fazer, figurassem as mesmas Armas. Como V. Ex.ª teve a amabilidade de ter comunicado, que estava encarregado de fazer o respectivo estudo, vem esta Câmara solicitar-lhe se dignasse informar, se até Junho de 1929 o aludido estudo poderia estar feito, porquanto naquela data terá lugar na sede deste Distrito o 4.º Congresso Beirão e muito interesse há que então já haja conhecimento das Armas deste Concelho. Com os meus respeitosos agradecimentos desejo a V. Ex.ª – Saúde e Fraternidade. Pelo Presidente, O Chefe da Secretaria (a) José da Cruz Fillippe.
É interessante o facto de não constar das obras que tratam em Portugal da Heráldica de Domínio, qualquer referência às Armas de Vila Velha de Rodam, quando afinal aparecem no Pelourinho do tempo do Rei D. Manuel I.
Ainda bem que há conhecimento destas Armas para que mais uma vez se possa dizer que não há heráldica como a antiga; bem ordenada esteticamente e bem organizada historicamente.
Em 1855 pensou a Câmara Municipal de Lisboa em organizar uma obra respeitante à Heráldica Portuguesa de Domínio, para o que enviou uma circular a todas as Câmaras Municipais, pedindo os elementos precisos para esse fim.
Não se chegou a fazer a obra, mas ficou o processo no arquivo respectivo.
Vejamos o que ali encontrei sobre Rodam:
Il.mo e Ex.mo Sr. – A Câmara Municipal de Vila Velha de Rodam a que tenho a honra de presidir, muito exultaria em poder também contribuir para o Monumento Nacional, que a Exma. Câmara de Lisboa tenciona levantar; não só pela utilidade que julga provir de uma tal obra, mas além disso pela gloria que dai resultará à sua Pátria, a qual tem a mais decidida afeição. As vicissitudes porém do tempo e as muitas guerras civis e também estrangeiras de que o nosso País tem sido desgraçada vitima, não tem deixado chegar ao conhecimento indicio algum, por onde se possa vir a conhecer, quais foram as Armas desta Vila, e muito menos qual a sua história, apenas no pelourinho colocado no centro da praça publica desta Vila se vê o que no papelinho incluso vai esboçado: ajudado por ele e pelo Elucidário de St.ª Rosa de Viterbo debaixo da palavra Áçafra – Ajudado também por outros antiquários talvez V. Ex.ª possa vir no conhecimento do que deseja; no que muito gosto experimentará quem se confessa de V. Ex.ª, Mt.º Att.º e Obgdm.º (a) João Esteves de Figueiredo – Vila Velha de Rodam, 10 de Novembro de 1855.
Grande como é a história desta importante Vila, fácil seria portanto organizar umas Armas com elementos de sobra, mas, existindo de longa data um espécimen de heráldica antiga, de forma alguma a Associação dos Arqueólogos aconselharia que se adoptassem outras. Unicamente o que temos a aconselhar é os esmaltes a empregar e a correcção a fazer no desenho.
Vila Velha de Rodam nunca teve muralhas que a cercassem mas, em compensação, teve variados fortes, torres ou atalaias nas imediações, estabelecendo uma forte linha de defesa, restando ainda parte de uma enorme torre no ponto mais alto da região, denominado – «Portas de Rodam» – e restos de outras fortalezas nas margens do Tejo.
Ainda durante a guerra peninsular foram aproveitadas várias das posições antigas.
Não é conhecida a época em que foram construídas estas fortalezas, mas foi esta região pertença da Ordem do Templo, pelo menos, desde 1119 em que D. Sancho I lhe doou a herdade da Açafra, sendo Mestre da Ordem D. Lopo Fernandes.
Extinta a Ordem dos Templários, passou Vila Velha de Rodam para a Ordem de Cristo, portanto, é muito natural que as fortificações que defendiam a Vila, as Portas de Rodam e o Tejo, fossem construídas pelas referidas Ordens.
O que é facto é que o seu Pelourinho tem, numa das faces, cinco castelos ou torres em cruz; sendo nossa opinião que as cinco torres se mantenham como representação da defesa militar local.
Vejamos pois como devem ser esmaltadas estas Armas e como deve ser o respectivo estandarte:
– De prata com cinco torres de vermelho em cruz. Coroa mural de quatro torres. Bandeira vermelha com um metro por lado. Fita branca com letras pretas. Cordões e borlas de vermelho. Haste e lança de prata.
Indicamos a prata para o campo por este metal significar em heráldica humildade riqueza e, de facto, Vila Velha de Rodam bem merece estas significações que bem definem os seus dotes naturais.
As torres devem ser de vermelho porque este esmalte em heráldica caracteriza as vitórias, os ardis e as guerras. As diferentes fortalezas existentes nas proximidades de Vila Velha de Rodam foram utilizadas em várias épocas em defesa local e até para defesa do País.
A Ordem do Templo ali travou várias lutas e ali manteve o seu domínio em favor de Portugal.
As Armas de Vila Velha de Rodam devem ser encimadas por uma coroa mural de quatro torres por ser esta coroa a que caracteriza as Vilas.
Segundo as regras da heráldica, as bandeiras são das cores das peças principais das armas, portanto, deve ser vermelha a bandeira de Rodam.
[Affonso de Dornellas.]
(Texto adaptado à grafia actual)
Fonte: DORNELLAS, Affonso de, «Villa Velha de Rodam», in Elucidário Nobiliarchico: Revista de História e de Arte, II Volume, Número III, Lisboa, Março 1929, pp. 293-295.
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