Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em sessão de 20 de Dezembro de 1935.

Em satisfação á circular de 14 de Abril de 1930, expedida pela Direcção Geral de Administração Politica e Civil do Ministério do Interior, a Câmara Municipal de Almada, por intermedio do Governo Civil de Setúbal dirigiu-se á mesma Direcção Geral, enviando os elementos que possuía.

As obras que tratam de heráldica de domínio incluem as armas de Almada, sempre com um castelo, que algumas vezes aparece representado erradamente por uma torre. Existem exemplares que incluem a Cruz de Santiago e até alguns com as armas nacionais.

Almada bem merece que o seu castelo seja representado pelo castelo heráldico e não simplesmente por uma torre, pois teve muralhas em volta da povoação.

A história de Almada anda ligada á história de Lisboa, pois foi sacrificada quando as invasões castelhanas chegaram até estas paragens.

D. Sancho I deu Almada aos Cavaleiros de Santiago, na posse de quem esteve até D. Dinis que a incorporou nos bens da coroa.

Vejamos pois como propomos que sejam ordenadas as armas, bandeira e selo da Vila de Almada:

ARMAS - De azul, com um castelo de ouro aberto e iluminado de vermelho, tendo a torre central carregada por uma cruz de Santiago de vermelho e as laterais carregadas, cada uma, por uma quina de Portugal antigo. O castelo assente num monte de penhascos de negro realçados de prata e de verde, cortado por três faixas ondadas, duas de prata e uma de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres "Vila de Almada" de negro. -

Bandeira - Amarela. Cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança douradas.

SELO - Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em redor, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Almada". -

Como a peça principal é de ouro, a bandeira é amarela (que corresponde ao ouro). Quando se destina a cortejos e outras cerimónias, a bandeira é de seda e bordada, com a área de um metro quadrado. Quando se destina a arvorar, é de filel, com as dimensões julgadas convenientes, podendo dispensar as armas.

O azul do campo e da representação do rio, significa heraldicamente zelo, lealdade e caridade.

O ouro do castelo significa nobreza, fidelidade, constância e poder.

O vermelho do aberto e iluminado do castelo e da Cruz de Santiago, denota guerras, ardis, vitórias, força e audácia.

A prata das faixas do rio e do realçado do monte, significa humildade e riqueza.

O negro do monte, representa a terra e significa firmeza e honestidade.

O verde do realçado do monte, representa a fertilidade regional e significa esperança e fé.

E assim, com estas peças e estes esmaltes, fica bem simbolizada a importante história de Almada, os seus valores e a índole dos seus naturais.

No caso da Câmara Municipal de Almada concordar com este parecer, deverá transcrever na acta a descrição das armas, bandeira e selo para enviar ao Sr. Governador Civil uma cópia, acompanhada dos desenhos rigorosos da bandeira e do selo, pedindo-lhe para remeter esses elementos à Direcção Geral de Administração Política e Civil do Ministério do Interior, para, no caso do Sr. Ministro aprovar, ser publicada a respectiva portaria.

Sintra, Setembro de 1935.

Affonso de Dornellas.

(Texto adaptado à grafia actual)

Fonte: Processo do Município de Almada (arquivo digital da AAP, acervo “Fundo Comissão de Heráldica”, código referência PT/AAP/CH/ALM/UI0025/000275).